segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Eleições 89 Ato I: Na Pré-História

Foto: Arquivo do Senado Federal
Ser Anti-Sarney

Como todos sabem, José Sarney foi um presidente impopular. As medidas ineficazes no controle da inflação, o aumento do desemprego e as inúmeras denúncias de corrupção envolvendo cargos de confiança no governo e políticos ligados ao presidente sepultaram qualquer chance do bigode 'mexicano-do-maranhão' conviver com o sorriso de quem elege o seu sucessor. Ao longo da campanha presidencial de 1989, Sarney lançou mão de variadas artimanhas para se manter no poder, direta ou indiretamente: Na primeira, propôs a prorrogação de seu mandato em mais dois anos. Como não conseguiu, o presidente articulou as candidaturas de Antônio Ermírio de Moraes, Jânio Quadros e Silvio Santos - esta, em duas oportunidades. Todas terminaram com a renúncia dos 'cabeças-de-chapa' ou com a impugnação judicial. Assim que a campanha tomou as páginas dos jornais e os programas de televisão, os ataques ao governo Sarney se tornaram a tônica de quase todas as candidaturas. Apenas o ex-vice presidente Aureliano Chaves, em sua esquálida campanha pelo PFL, evitava nos debates e programas eleitorais o bombardeio a Sarney. Tal proposta foi repelida pelas urnas: Aureliano ficou marcado pelos discursos em que aviltava o bom português com pérolas como 'broco' e 'prano', e não por seu desempenho no 1º Turno, como veremos mais tarde. É vital frisar, portanto, que as conseqüências da participação de um soturno Sarney na campanha de 89 foram marcadas pela forte rejeição popular a seus planos econômicos e a seu estilo de governar. Sarney se gaba até hoje de ter sido o presidente que mais investiu no social em décadas. Ao fim das contas, as camadas populares supostamente beneficiadas por seus projetos foram as artífices da glória de seu pior pesadelo - a eleição de Fernando Collor de Mello.

Nenhum comentário:

Postar um comentário