segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Assalto ao Tempo

O passar de novo ao doze me causou surpresa:
Como pode o tempo nos driblar com tal destreza?
Como pode o assento nos tomar com tamanha agilidade?
E eu respondo que esperar o tempo é pura imbecilidade

O tempo está aí, desde que o mundo é mundo
A espera de um passatempo propício e fecundo
A espera de um perder tempo por qualquer lugar
A espera de uma boa intenção para tirar o lugar

Esse é o tempo, o maior fura-fila que há
Que só quer do cinema o melhor lugar
Que só quer da arquibancada o melhor lugar
Que só quer no ônibus o melhor lugar...

Sempre que queremos o melhor, vem o tempo e nos leva
Enfrenta a nossa ineficiência e enseja
Um jeito de fazer o fim da fila perdurar
Pode o tempo por minuto nos perdoar?

Vejo que o tempo só é bom para a criança
Quando passa um dia em cinco, um mês em ano
Dá tamanho de gigante a um pequeno desengano
Dá espaço de elefante a qualquer trapo, qualquer pano

Vem os doze, treze anos...
E o tempo então começa a nos enfrentar
De espada na mão, de escudo na outra
Há qualquer jeito de nosso maior inimigo enfrentar?

Somos todos Dom Quixotes de nossa própria finitude
Na eterna espera de um algo a mais depois do fim
Como as raspas do pote de sorvete, como as lascas da barra de chocolate
Somos sempre espera pelo o que o tempo não levou

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